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domingo, 10 de julho de 2011

A história de José do Egito

Enquanto isto se passava, José com seus detentores estava a caminho do Egito. Jornadeando a caravana para o Sul, em direção das fronteiras de Canaã, o rapaz podia discernir a distância as colinas entre as quais se achavam as tendas de seu pai. Chorou amargamente à lembrança daquele pai amoroso, em sua solidão e aflição. Novamente a cena em Dotã veio diante de si. Viu seus irmãos irados, e sentiu os olhares furiosos que lhe dirigiam. As palavras pungentes, insultantes, que seus aflitos rogos encontraram, estavam a soar-lhe nos ouvidos. Com o coração a tremer olhou para o futuro. Que mudança na situação – de um filho ternamente acalentado para o escravo desprezado e desamparado! Só e sem amigos, qual seria sua sorte na terra estranha a que ele ia? Por algum tempo, José entregou-se a uma dor e pesar incontidos.
Mas, na providência de Deus, mesmo esta experiência seria uma bênção para ele. Aprendeu em poucas horas o que de outra maneira anos não lhe poderiam ter ensinado. Seu pai, forte e terno como havia sido seu amor, fizera-lhe mal com sua parcialidade e indulgência. Esta preferência imprudente havia encolerizado seus irmãos, e os incitara à ação cruel que o separara de seu lar. Os efeitos dessa preferência eram também manifestos em seu caráter. Defeitos haviam sido acariciados, que agora deveriam ser corrigidos. Ele se estava tornando cheio de si e exigente. Acostumado à ternura dos cuidados de seu pai, viu que não se achava preparado para competir com as dificuldades que diante dele estavam, na vida amarga e desconsiderada de estrangeiro e escravo.
Então seus pensamentos volveram para o Deus de seu pai. Na meninice fora ensinado a amá-Lo e temê-Lo. Muitas vezes na tenda do pai, ouvira a história da visão que Jacó tivera quando se retirava de seu lar, como exilado e fugitivo. Contaram-lhe a respeito das promessas do Senhor a Jacó, e como tinham elas se cumprido – como, na hora de necessidade, os anjos de Deus tinham vindo instruí-lo, consolá-lo e protegê-lo. E aprendera acerca do amor de Deus, provendo um Redentor aos homens. Todas estas lições preciosas vinham agora vividamente diante dele. José acreditava que o Deus de seus pais seria o seu Deus. Ali mesmo se entregou então completamente ao Senhor, e orou para que o Guarda de Israel estivesse com ele na terra do exílio.
Sua alma fremiu ante a elevada resolução de mostrar-se fiel a Deus – de agir, em todas as circunstâncias, como convinha a um súdito do Reino do Céu. Serviria ao Senhor com inteireza de coração; enfrentaria as provações de sua sorte, com coragem, e com fidelidade cumpriria todo o dever. A experiência de um dia foi o ponto decisivo na vida de José. Sua terrível calamidade transformara-o de uma criança amimada em um homem ponderado, corajoso e senhor de si.
Chegando ao Egito, José foi vendido a Potifar, capitão da guarda do rei, a cujo serviço ficou durante dez anos. Ali foi exposto a tentações nada triviais. Estava em meio da idolatria. O culto aos deuses falsos era rodeado de toda a pompa da realeza, apoiado pela riqueza e cultura da nação mais altamente civilizada então existente. José, todavia, preservou sua simplicidade e fidelidade para com Deus. As cenas e ruídos do vício estavam ao redor dele; porém, era ele como quem não via e não ouvia. Aos seus pensamentos não permitia ocupar-se com assuntos proibidos. O desejo de alcançar o favor dos egípcios não o poderia fazer esconder os seus princípios. Se tivesse tentado fazer isto, teria sido vencido pela tentação; mas não se envergonhava da religião de seus pais, e não fazia esforços para esconder o fato de ser adorador de Jeová.
“E o Senhor estava com José, e foi varão próspero.” Viu “o seu senhor que o Senhor estava com ele, e que tudo que ele fazia o Senhor prosperava em sua mão”. Gên. 39:2 e 3. A confiança de Potifar em José aumentava diariamente, e finalmente o promoveu a seu mordomo, com amplo governo sobre todas as suas posses. “E deixou tudo o que tinha na mão de José, de maneira que de nada sabia do que estava com ele, a não ser do pão que comia.” Gên. 39:6.
A assinalada prosperidade que acompanhava todas as coisas postas aos cuidados de José, não era resultado de um milagre direto; mas sim a sua operosidade, zelo e energia eram coroados pela bênção divina. José atribuía seu êxito ao favor de Deus, e mesmo seu senhor idólatra aceitava isto como o segredo de sua prosperidade sem-par. Sem um esforço perseverante e bem dirigido jamais poderia, entretanto, haver conseguido o êxito. Deus era glorificado pela fidelidade de Seu servo. Era Seu propósito que em pureza e correção o crente em Deus se mostrasse em assinalado contraste com os adoradores de ídolos – para que assim a luz da graça celestial pudesse resplandecer entre as trevas do paganismo.
A gentileza e fidelidade de José ganharam o coração do capitão-mor, o qual veio a considerá-lo como filho, em vez de escravo. O jovem foi levado em contato com homens de posição e saber, e adquiriu conhecimentos de ciências, línguas e negócios, educação necessária para o futuro primeiro-ministro do Egito.
A fé e integridade de José deveriam, porém, ser experimentadas por terríveis provas. A esposa de seu senhor esforçou-se por seduzir o jovem a transgredir a lei de Deus. Até ali ele permanecera incontaminado da corrupção que enchia aquela terra gentílica; mas esta tentação tão súbita, forte e sedutora, como poderia ser enfrentada? José bem sabia qual seria a conseqüência da resistência. De um lado estavam o encobrimento, os favores e as recompensas; do outro a desgraça, a prisão, a morte talvez. Toda sua vida futura dependia da decisão do momento. Triunfariam os princípios? Seria José ainda fiel a Deus? Com inexprimível ansiedade os anjos olhavam para aquela cena.
A resposta de José revela o poder do princípio religioso. Ele não trairia a confiança de seu senhor na Terra, e, quaisquer que fossem as conseqüências, seria fiel ao seu Senhor no Céu. Sob o olhar examinador de Deus e dos santos anjos, muitos tomam liberdades de que não se achariam culpados na presença de seus semelhantes; porém, o primeiro pensamento de José foi Deus. “Como pois faria eu este tamanho mal, e pecaria contra Deus?” disse ele. Gên. 39:9.
Se acalentássemos uma impressão habitual de que Deus vê e ouve tudo que fazemos e dizemos, e conserva um registro fiel de nossas palavras e ações, e de que devemos deparar tudo isto, teríamos receio de pecar. Lembrem-se sempre os jovens de que, onde quer que estejam, e o que quer que façam, acham-se na presença de Deus. Parte alguma de nossa conduta escapa à observação. Não podemos ocultar nossos caminhos ao Altíssimo. As leis humanas, embora algumas vezes severas, são muitas vezes transgredidas sem que isto seja descoberto, e, portanto, impunemente. Não assim, porém, com a lei de Deus. A mais escura meia-noite não é uma cobertura para o criminoso. Ele pode julgar-se só, mas para cada ação há uma testemunha invisível. Os próprios motivos de seu coração estão patentes à inspeção divina. Cada ato, cada palavra, cada pensamento, é tão distintamente notado como se apenas houvesse uma pessoa no mundo inteiro, e a atenção do Céu nela estivesse centralizada.
José sofreu pela sua integridade; pois sua tentadora vingou-se acusando-o de um crime detestável, e fazendo com que ele fosse lançado na prisão. Houvesse Potifar acreditado na acusação feita pela esposa, contra José, e teria o jovem hebreu perdido a vida; mas a modéstia e correção que haviam uniformemente caracterizado sua conduta, eram prova de sua inocência; e, contudo, para salvar a reputação da casa de seu senhor, foi entregue à vergonha e ao cativeiro.
A princípio José foi tratado com grande severidade pelos seus carcereiros. Diz o salmista, falando de José: “Cujos pés apertaram com grilhões e a quem puseram em ferros; até o tempo em que chegou a Sua Palavra; a palavra do Senhor o provou.” Sal. 105:18 e 19. Mas o verdadeiro caráter de José resplandece, mesmo nas trevas da masmorra. Ele reteve com firmeza sua fé e paciência; seus anos de serviço fiel foram pagos da maneira mais cruel, todavia isto não o tornou obstinado ou desconfiado. Tinha a paz que vem de uma inocência consciente, e confiava seu caso a Deus. Não ficava a acalentar as ofensas que recebera, mas esquecia-se de suas tristezas procurando aliviar as de outrem. Achou uma obra a fazer mesmo na prisão. Deus o estava preparando, na escola da aflição, para maior utilidade, e ele não recusou a necessária disciplina. Testemunhando na prisão os resultados da opressão e tirania, e os efeitos do crime, aprendeu lições de justiça, simpatia e misericórdia, que o prepararam para exercer o poder com sabedoria e compaixão.
José gradualmente ganhou a confiança do guarda da prisão, e foi-lhe finalmente confiado o cuidado de todos os presos. Foi a parte que ele desempenhou na prisão – integridade de sua vida diária e simpatia por aqueles que estavam em perturbação e angústia – o que abriu o caminho para a sua prosperidade e honra futura. Todo o raio de luz que derramamos sobre outrem, reflete-se em nós mesmos. Toda palavra amável e cheia de simpatia proferida aos tristes, todo ato feito para aliviar os oprimidos, e todo dom aos necessitados, se é determinado por um impulso justo, resultará em bênçãos ao doador.
O padeiro-mor e o copeiro-mor do rei tinham sido lançados na prisão por qualquer falta, e vieram a ficar sob o encargo de José. Uma manhã, observando que se mostravam muito tristes, amavelmente indagou a causa, e disseram que cada um tivera um sonho notável, de que estavam ansiosos por saber a significação. “Não são de Deus as interpretações?” disse José; “contai-mo, peço-vos.” Gên. 40:8. Tendo cada um relatado o seu sonho, José fê-los saber a significação: em três dias o copeiro seria reintegrado em seu cargo, e daria o copo nas mãos de Faraó, como antes, mas o padeiro-mor seria morto por ordem do rei. Em ambos os casos ocorreu o acontecimento conforme fora predito.
O copeiro do rei dissera possuir a maior gratidão para com José, tanto pela interpretação consoladora de seu sonho como por muitos atos de bondosa atenção; e, por sua vez, este, referindo-se da maneira mais tocante ao seu injusto cativeiro rogou que seu caso fosse levado perante o rei. “Lembra-te de mim”, disse ele, “quando te for bem; e rogo-te que uses comigo de compaixão, e que faças menção de mim a Faraó, e faze-me sair desta casa; porque, de fato, fui roubado da terra dos hebreus; e tampouco aqui nada tenho feito para que me pusessem nesta cova.” Gên. 40:14 e 15. O copeiro-mor viu realizar-se o sonho em todos os pormenores; quando, porém, foi restabelecido ao favor real, não mais pensou em seu benfeitor. Durante mais dois anos José ficou como prisioneiro. A esperança que se lhe acendera no coração, gradualmente morrera; e a todas as outras provações acrescentou-se a amargura da ingratidão.
Uma mão divina, porém, estava prestes a abrir as portas da prisão. O rei do Egito teve em uma noite dois sonhos, que indicavam aparentemente o mesmo acontecimento, e pareciam prefigurar alguma grande calamidade. Não podia determinar sua significação, e no entanto continuavam a perturbar o seu espírito. Os magos e sábios de seu reino não puderam dar a interpretação. A perplexidade e angústia do rei aumentavam, e o terror espalhou-se por seu palácio. A agitação geral evocou à mente do copeiro-mor as circunstâncias de seu próprio sonho; com este veio a lembrança de José, e uma compunção de remorso pelo seu esquecimento e ingratidão. Ele informou de pronto ao rei como o seu sonho e o do padeiro-mor foram interpretados por um cativo hebreu, e como se cumpriram as predições.
Foi humilhante a Faraó volver dos mágicos e sábios de seu reino para consultar um estrangeiro e escravo; mas estava pronto para aceitar o mais humilde serviço caso pudesse seu espírito perturbado encontrar alívio. Mandaram chamar imediatamente a José; tirou suas roupas de prisioneiro, barbeou-se, pois o cabelo crescera muito durante o tempo de opróbrio e reclusão. Foi então conduzido à presença do rei.
“E Faraó disse a José: Eu sonhei um sonho, e ninguém há que o interprete; mas de ti ouvi dizer que quando ouves um sonho o interpretas. E respondeu José a Faraó, dizendo: Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó.” Gên. 41:15. A resposta de José ao rei, revela sua humildade e fé em Deus. Modestamente não se atribui a honra de possuir em si sabedoria superior. “Isso não está em mim.” Gên. 41:16. Unicamente Deus pode explicar estes mistérios.
Faraó então se põe a relatar os sonhos: “Estava eu em pé na praia do rio, e eis que subiam do rio sete vacas gordas de carne e formosas à vista, e pastavam no prado. E eis que outras sete vacas subiam após estas, muito feias à vista, e magras de carne; não tenho visto outras tais, quanto à fealdade, em toda a terra do Egito. E as vacas magras e feias comiam as primeiras sete vacas gordas; e entraram em suas entranhas, mas não se conhecia que houvessem entrado em suas entranhas; porque o seu parecer era feio como no princípio. Então acordei. Depois vi em meu sonho, e eis que dum mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas; e eis que sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental, brotavam após elas. E as sete espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. E eu disse-o aos magos, mas ninguém houve que mo interpretasse.” Gên. 41:17-24.
“O sonho de Faraó é um só”, disse José. “O que Deus há de fazer, notificou-o a Faraó.” Gên. 41:25. Haveria sete anos de grande abundância. Campos e hortas produziriam mais abundantemente do que nunca haviam produzido. E este período seria seguido de sete anos de fome. “E não será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que haverá depois; porquanto será gravíssima.” Gên. 41:31. A repetição do sonho era prova tanto da certeza como da proximidade do cumprimento. “Portanto”, continuou ele, “Faraó se proveja agora dum varão entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito. Faça isso Faraó, e ponha governadores sobre a terra, e tome a quinta parte da terra do Egito nos sete anos de fartura. E ajuntem toda a comida destes bons anos que vêm, e amontoem trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem; assim será o mantimento para provimento da terra, para os sete anos de fome.” Gên. 41:33-36.
A interpretação foi tão razoável e coerente, e a política que a mesma recomendava tão sólida e sagaz era, que sua correção não poderia ser posta em dúvida. Mas a quem se poderia confiar a execução do plano? Da sabedoria desta escolha dependia a preservação da nação. O rei estava perturbado. Por algum tempo foi considerada a questão desta indicação. Pelo copeiro-mor soubera o rei da sabedoria e prudência demonstradas por José na administração da prisão; era evidente que ele possuía habilidade administrativa em grau preeminente. O copeiro, cheio agora de reprovação a si mesmo, esforçava-se por reparar sua anterior ingratidão, mediante o mais caloroso elogio ao seu benfeitor; e novas indagações feitas pelo rei demonstraram a correção do que referia ele. Em todo o reino foi José o único homem dotado de sabedoria para indicar o perigo que ameaçava o país, e o preparo necessário para enfrentá-lo; e o rei estava convencido de que ele era o mais bem qualificado para executar os planos que propusera. Era evidente que um poder divino estava com ele, e que ninguém havia entre os ministros de Estado do rei tão habilitado para dirigir os negócios da nação em tal momento crítico. O fato de que ele era hebreu e escravo, era de pouca importância quando ponderado em confronto com sua sabedoria evidente e são juízo. “Acharíamos um varão como este, em quem haja o Espírito de Deus?” (Gên. 41:38) disse o rei aos conselheiros.
Esta indicação foi decidida, e a José foi feito o surpreendente anúncio: “Pois que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. Tu estarás sobre a minha casa, e por tua boca se governará todo o meu povo; somente no trono eu serei maior que tu.” Gên. 41:39 e 40. O rei pôs-se em seguida a investir José com as insígnias de seu elevado cargo. “E tirou Faraó o anel da sua mão, e o pôs na mão de José, e o fez vestir vestidos de linho fino, e pôs um colar de ouro no seu pescoço. E o fez subir no segundo carro que tinha, e clamavam diante dele: Ajoelhai.” Gên. 41:42 e 43.
“Fê-lo senhor da sua casa, e governador de toda a sua fazenda; para, a seu gosto, sujeitar os seus príncipes, e instruir os seus anciãos.” Sal. 105:21 e 22. Do calabouço José foi levado a governador sobre toda a terra do Egito. Era uma posição de alta honra, e, contudo, assediada de dificuldades e perigo. Ninguém pode ficar a uma elevada altura, isento de perigo. Assim como a tempestade deixa ilesa a humilde flor do vale, ao mesmo tempo em que desarraiga a majestosa árvore no cimo da montanha, assim aqueles que têm mantido sua integridade na vida humilde podem ser arrastados ao abismo pelas tentações que assaltam o êxito e as honras mundanas. Mas o caráter de José resistiu de modo semelhante à prova da adversidade e da prosperidade. A mesma fidelidade que manifestou para com Deus quando estava na cela de prisioneiro, manifestou no palácio dos Faraós. Ele era ainda um estrangeiro em uma terra gentílica, separado de seus parentes, adoradores de Deus; mas cria completamente que a mão divina lhe havia dirigido os passos, e com uma constante confiança em Deus desempenhava fielmente os deveres de seu cargo. Por meio de José a atenção do rei e dos grandes homens do Egito foi dirigida ao verdadeiro Deus; e, embora se apegassem à sua idolatria, aprenderam a respeitar os princípios revelados na vida e caráter do adorador de Jeová.
Como se habilitou José a efetuar um registro tal de firmeza de caráter, correção e sabedoria? – Em seus primeiros anos, havia ele consultado o dever em vez da inclinação; e a integridade, a singela confiança, a natureza nobre, do jovem, produziram frutos nas ações do homem. Uma vida pura e simples favorecera o desenvolvimento vigoroso tanto das faculdades físicas como das intelectuais. A comunhão com Deus mediante Suas obras, e a contemplação das grandiosas verdades confiadas aos herdeiros da fé, haviam elevado e enobrecido sua natureza espiritual, alargando e fortalecendo o espírito como nenhum outro estudo o poderia fazer. A atenção fiel ao dever em todos os postos, desde o mais humilde até o mais elevado, estivera educando toda a faculdade para o seu mais elevado serviço. Aquele que vive de acordo com a vontade do Criador, está a assegurar para si o mais verdadeiro e nobre desenvolvimento de caráter. “O temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência.” Jó 28:28.
Poucos há que se compenetram da influência das pequenas coisas da vida sobre o desenvolvimento do caráter. Nada com que temos de tratar é realmente pequeno. As circunstâncias variadas que deparamos dia após dia, são destinadas a provar nossa fidelidade, e habilitar-nos a maiores encargos. Pelo apego aos princípios nas transações da vida usual, a mente se habitua a considerar as exigências do dever acima das do prazer e da inclinação. Espíritos assim disciplinados não estão a vacilar entre o direito e o que não o é, como a vara a tremer ao vento; são fiéis ao dever porque se educaram aos hábitos de fidelidade e verdade. Pela fidelidade naquilo que é o mínimo, adquirem forças para serem fiéis em coisas maiores.
Um caráter reto é de maior valor do que o ouro de Ofir. Sem ele ninguém pode subir a uma altura honrosa. Mas não se herda o caráter. Não pode ser comprado. A excelência moral e as belas qualidades mentais não são o resultado do acaso. Os mais preciosos dons não são de valor algum a menos que sejam aperfeiçoados. A formação de um caráter nobre é obra de uma vida inteira, e deve ser o resultado de um esforço diligente e perseverante. Deus dá as oportunidades; o êxito depende do aproveitamento das mesmas.


Comentário extraído do livro Patriarcas e Profetas, Cap.20. de Ellen White

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